Rio+20: muro em UPP é derrubado para prefeito de Nova York ver a Baía de Guanabara
A visita do prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, à Unidade de
Polícia Pacificadora do Chapéu-Mangueira/Babilônia, nesta terça-feira
(19), fez com que a Prefeitura do Rio de Janeiro providenciasse, ontem, a
derrubada de um muro em uma localidade conhecida como Rodinha, em um
dos acessos às favelas da zona sul da cidade. O motivo? A autoridade
americana irá ao local para ter uma visão panorâmica da Baía de
Guanabara.
O improviso do Executivo carioca se deve ao fato de que os morros da
Babilônia e do Chapéu-Mangueira foram transformados em verdadeiros
canteiros de obras desde maio de 2011, quando se iniciou um projeto de
reestruturação urbana nessas comunidades --cada qual projetada para
ganhar um selo atribuído pela Caixa Econômica Federal a iniciativas
sustentáveis.
Operários continuavam nesta manhã a realizar os últimos reparos antes
da chegada da comitiva americana prevista para 13h de hoje. Em menos
de 24 horas, a parte superior da ladeira Ari Barroso foi praticamente
toda asfaltada, e os muros que exibiam pichações alusivas ao tráfico de
drogas foram pintados.
Acima do portão de uma casa, funcionários da Secretaria Municipal de Habitação correndo para
retirar uma placa metálica que continha a inscrição "Ozama" uma
referência ao nome do ex-líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden.
Diariamente, das 8h às 18h, por exemplo, carros não podem subir a
ladeira Ari Barroso --acesso que une as duas favelas-- em função do
fluxo de caminhões, retroescavadeiras e outros equipamentos.
"Ele [Michael Bloomberg] vai ver tudo maquiado. Até porque ele não vai
subir o suficiente para ver os problemas da favela". A frase é de um
grafiteiro, identificado apenas como Tigo, que criava ilustrações, na
manhã desta segunda-feira (18), nas paredes das casas situadas no pé da
favela, local pelo qual a comitiva do prefeito de Nova York subirá o
Chapéu-Mangueira e o Babilônia.
"Se eles tivessem a mesma pressa que mostraram nos últimos dias, essas
obras já tinham terminado há muito tempo", opinou a agente ambiental
Kely Cristina de Oliveira. Segundo o engenheiro da Secretaria Municipal
de Habitação Maurício Tostes Vieira, responsável por coordenar mais de
300 operários, "nem tudo ficará pronto, mas o suficiente para mostrar o
trabalho" para a comitiva do prefeito de Nova York.
"Sempre há uma pressão para terminar o mais rápido possível. Quanto
mais rápido você conclui, menores são os transtornos", afirmou Vieira ao
ser questionado se a Prefeitura do Rio fizera algum tipo de pressão
para que os trabalhos fossem acelerados em face da visita de Bloomberg.
Na companhia do prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes, e
protegido por um forte esquema de segurança, o prefeito de Nova York
subirá ruas, becos e vielas até o ponto em que estão sendo construídas
117 casas ecológicas para o projeto "Morar Carioca Verde". As obras
devem ser encerradas até o fim do ano --16 serão entregues já em
outubro.
Lâmpadas de LED (Light Emitting Diode) nos postes, asfalto de borracha,
madeiras de borracha, pavimentação granulada e outras iniciativas foram
tomadas para dar às favelas uma aparência de sustentabilidade. As obras
foram financiadas pela Caixa Econômica Federal, que investiu cerca de
R$ 43 milhões.
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